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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O CONHECER-SE PELA AUTO-ANÁLISE

"Compreendemos toda a sabedoria dessa máxima (Conhece-te a ti mesmo) mas a dificuldade está precisamente em se conhecer a si próprio. Qual o meio de chegar a isso?" (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Pergunta 919 A.)

À pergunta formulada por Allan Kardec, responde Santo Agostinho, oferecendo o resultado de sua própria experiência:
" — Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: ao fim de cada dia interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito e me perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém teria motivo para se queixar de mim. Foi assim que cheguei a me conhecer e ver o que em mim necessitava de reforma".

Ainda ensina Santo Agostinho, perante a dúvida de como julgar-se a si mesmo: "Quando estais indeciso quanto ao valor de vossas ações, perguntai como as qualificaríeis se tivessem sido praticadas por outra pessoa. Se as censurardes em outros, essa censura não poderia ser mais legítima para vós, porque Deus não usa de duas medidas para a justiça". Insiste, depois, aconselhando: "Formulai, portanto, perguntas claras e precisas, e não temais multiplicá-las".

Através desse processo viremos a nos conhecer, procurando deliberadamente realizar o trabalho de auto-análise, e não apenas nos deixando seguir ao sabor do tempo, reagindo e respondendo nas ocorrências do cotidiano, quando atingidos formos na nossa sensibilidade, ou, ainda, pela ação lapidadora da dor, que por algumas vezes sacode a nossa consciência. 
A auto-análise é um processo sistemático e permanente de efeitos diários e contínuos, pois vamos ao encontro de nós mesmos para explorar o nosso terreno íntimo, cultivando-o, preparando-o para produzir bons frutos.
Santo Agostinho interrogava a sua própria consciência e diariamente examinava os seus atos, conhecendo o que precisava melhorar e desenvolvendo a força interior de aperfeiçoar-se. 
A consciência é o campo a ser explorado e cultivado, dela extirpando as más tendências com o esforço da nossa vontade. 
A consciência reside na mente, que se constitui, conforme nos esclarece André Luiz, de modo semelhante a um edifício de três pavimentos.
No andar inferior está
o inconsciente, com todo o acervo de experiências do passado, guardando imagens, quadros onde as emoções vividas ligam-se igualmente. Nas camadas mais profundas do inconsciente arquivam-se as histórias de nossas existências anteriores, a refletirem-se hoje através das reminiscências. 
No pavimento intermediário está o nosso consciente, o presente vivo, a faculdade pensante, a reflexão, a memória. 
No andar superior, o superconsciente, a esfera dos ideais, dos propósitos nobres e das disposições divinas, a chama impulsionadora do nosso progresso espiritual, alimentada pelos Planos Superiores da Criação.
O consciente pode, quando robustecido e treinado, penetrar nos domínios do inconsciente, remontar os registros de nossa história, recordar as experiências vividas para que as analisemos sob novos ângulos, e modificar aquelas disposições antigas, com a visão ampliada de hoje. Ao mesmo tempo o consciente conjuga, ao receber do superconsciente os rumos delineadores da nossa evolução, os dados do passado, do presente e do futuro, e, computando-os com os recursos da inteligência, apresenta os resultados sob forma de impulsos que nos levam a resoluções, a novos procedimentos. 
É um surpreendente mecanismo que nos faz avançar sempre ou, quando não, ao menos estacionar, mas nunca regredir. - in livro "No Mundo Maior", Capítulo III. A Casa Mental.

É importante que deliberemos acelerar o nosso avanço, potencializando o nosso consciente pela auto-análise, o seu alcance e o seu domínio sobre nós mesmos, e exercendo constantes e progressivas mutações individuais. 
O processo de auto-análise pode e deve ser utilizado mais intensamente pelo homem, como meio de auto-educação permanente e ordenada.
Precisamos sair da condição de indivíduos conduzidos pelos envolvimentos do meio, reagindo e mudando, para passarmos à categoria de condutores de nós mesmos, com amplo conhecimento das nossas potencialidades em desenvolvimento. 
É um trabalho de superar a densidade da nossa animalidade, o peso da inércia aos impulsos espiritualizantes, alcançando esferas vibratórias mais elevadas, que passam a modificar a constituição sutil dos envoltórios espiritual e mental. 
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Do livro 
MANUAL PRÁTICO DO ESPÍRITA, de Ney Prieto Peres, Ed. Pensamento, 1984, 326p.

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