Escrevi um texto pro blog
Conexão Espírita e compartilho aos amigos do Paz e Bem!
“O oposto da morte é o nascimento e não a Vida.
A Vida, que na sua essência é consciência, é eterna e não tem oposto.
Não existe morte, apenas a metamorfose de formas de Vida, de Consciência sob esta ou aquela forma.
É esta a verdade libertadora.” Escritor ECKHART TOLLE
No princípio, a Vida pulsa em nós por uma Vontade acima da nossa vontade. Vida é sinônimo de Consciência (não importa o estágio desta).
Em algum momento cósmico, que nos escapa qualquer mensuração cronológica, nos tornamos uma Consciência, um Ser cuja qualidade intrínseca é a Vida. A Consciência em nós parte da inexperiência, das limitações, do estágio de adormecimento para sua expansão, no processo de despertar, no desenrolar das experiências nas diferentes formas (aqui, pode-se ler “fórmas” e “fôrmas“). Neste momento, inicia-se o mergulho da Vida ( ou da Consciência) em um dos planos de existência. No caso dos humanos, a Consciência (ou a Vida) mergulha na carne, gerindo a (re)entrada, a partir da concepção e sucessivas mitoses até a formação do corpinho do bebê que nasce. Observemos que o que nasce é o corpinho do bebê, preenchido pela Vida da Consciência que o sustenta. O Espírito não nasce, ele é. No plano da terceira dimensão - que nos encontramos – toda forma (“fórma“) que nasce, morrerá, mas o “piloto” que estava naquela forma (“fôrma“) continua vivo, porque é Consciência, é Vida, a qual irá estagiar nos planos seguintes ao da dimensão física: na quarta e na quinta dimensões, onde a manifestação da Consciência se dá em corpos mais sutis (como é o perispírito, o corpo mental e corpo causal confirmados pelo Espírito André Luiz). Aliás, esta realidade já havia sido mencionada pelo apóstolo Paulo - "todos possuimos corpo carnal e corpo espiritual".
Portanto, o raciocínio do pensador alemão Tolle (que tem base no pensamento budista) faz sentido também no pensar espírita. A Vida é, antes da corporificação, já quando o Ser se encontra na erraticidade – no intervalo entre uma encarnação e a próxima. A Vida continua sendo durante toda a existência física, a partir do nascimento e a Vida também está presente no momento da morte do “carro” físico e a mesma Vida conserva sua individualidade após a morte do corpo material, passando a se manifestar em corpos mais sutis.
Saindo do raciocínio filosófico, não podemos negar o impacto que representa para nós humanos a partida de um ente querido, através da morte, onde se dá o óbito do corpo e com ele uma gama de experiências não poderão mais ser usufruidas, como o tato, a visão, a audição daquele ser, agora desencarnado. A sensação de perda é real, quanto mais o homem for ligado afetivamente ao ente que fez a passagem. O fato de acreditarmos como espíritas na continuidade da Vida após a morte física, esta crença não impede de sentir a dor, de viver o luto, de chorar muito. O choro não é prejudicial prá ambas as partes, a não ser que o encarnado permaneça fixado, mesclando suas lágrimas a um sentimento de muita revolta e inaceitação ( do tipo: “Por que voce me deixou?”, “Leve-me também, oh! Deus“, “Por que Voce fez isto comigo?” etc.).
Negar entrar em contato com a dor da falta, com a perda (mesmo que momentânea) causa muitos estragos na alma de quem fica. É comum um retraimento, uma retirada do viver. Especialistas dizem que o luto de dois anos de duração é saudável. Após este período, é preciso avaliar. É neste momento, que a Doutrina Espírita vem nos esclarecer e consolar que o melhor da pessoa – pensante, inteligente, que sente, que conviveu conosco o mais belo dos afetos – continua vivo, com novas possibilidades no plano para onde voltou; que um dia haveremos de nos reencontrar – seja durantes os contatos em sonhos, após o momento de nossa passagem e/ou quando retornar ao nosso convívio pelas portas da reencarnação.
Para finalizar a reflexão, cito Carlos Drummond de Andrade que escreveu a crônica “Viver não dói” (e concordo com ele totalmente) que "A dor é inevitável. O sofrimento é opcional". Vale a pena ler na íntegra:
Viver não dói
Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade. Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias, se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!!A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.
Carlos Drummond de Andrade