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quarta-feira, 8 de julho de 2009

Texto mui belo sobre o recolhimento

CAVERNAS, por Ricardo Gondim

"Vez por outra preciso achar alguma caverna onde possa me esconder. Não, nesses momentos não quero fugir de Deus, que seria inútil. Também não procuro isolar-me dos outros, que seria tontice. Necessito de silêncio, de calma, de espaço para a alma. Assim, mapeei os lugares onde sei que posso me recolher - vivo em uma cidade entupida de gente.

Catedrais católicas, nos intervalos das missas. O ambiente é amplo, as velas bruxuleantes lembram a brevidade da existência e nunca ninguém interrompe a meditação. Nessas igrejas, as pessoas andam com cautela. Existe reverência diante do sagrado.

Livrarias e sebos, nas segundas-feiras. Quanto mais entulhadas de livros, melhor. As prateleiras absorvem sons, e é possível ficar "perdido" por horas sem ser reconhecido. Nada melhor do que ler orelhas, contracapas, prefácios, para depois voltar para casa refeito; com o coração acelerado para devorar o que se petiscou.

Parques com trilhas, cedo de manhã. Em dias frios, quando poucas pessoas se aventuram a sair da cama, é delicioso sentir o sol se agigantando no horizonte. Para os que correm, regenera perceber a camisa encharcando de suor. Bom mesmo é subir e descer por trilhas estreitas e perigosas para que a mente não se concentre em outras coisas; não cair vira prioridade e isso é saudável.

Cemitérios antigos, entre cinco e seis horas da tarde. Ao contrário do que se pensa, não é fúnebre andar por suas alamedas. Os cemitérios são preciosos para entrar em contato com a dor humana. Ler os epitáfios e constatar a saudade centenária de quem já chorou a partida dos amados, humaniza. Faz bem ao coração reconhecer que devemos cuidar dos que amamos enquanto vivem. Logo, logo, nos despediremos deles - ou eles, de nós.

Confeitarias com aroma de café, em qualquer hora do dia. As mesas pequenas no fundo das confeitarias são excelentes para se pedir um café - pode vir acompanhado de pão com manteiga em dias nublados - e ler um livro despretensioso por no máximo uma hora. Livros despretensiosos são os contos, as novelas, os romances, com menos de 200 páginas. Desfrutar do livro com pequenos goles de café e deixar o pensamento voar até as pessoas mais queridas."

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Identifiquei-me e gostei muito do que li acima, por sentir o mesmo que o autor em catedrais, livrairas, sebos e cemitérios antigos. Cheguei até ele através da página da Igreja Betesda da Aldeota, onde consta como um dos sites recomendados o do Pastor Ricardo Gondim, da Igreja Betesda de São Paulo. Fui pesquisar sobre o Pr. Ricardo Gondim e descobri que - além de ser um estudioso do Evangelho de Jesus, o Cristo - gosta de ler também autores como Fernando Pessoa, Vinicius de Moraes, Adélia Prado, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz entre outros poetas. Se pelos frutos é que se conhece a árvore, o poético texto acima mostra um pouco da grandeza espiritual de seu autor.

A solitude (diferente de solidão) é necessária para que a alma se reabasteça no contato com Deus, que se dá de diversas formas e em ambientes variados. Como diria o letrista Nelson Motta, na voz e melodia de Lulu Santos: "Não haveria som se não houvesse o silêncio". Vou experimentar ir a "caverna" de uma confeitaria e ler um despretensioso livro, ao aroma de um bom café. Grato, Pastor Ricardo, pelo texto.

2 comentários:

  1. Prezado Janio
    Quem procura acha, o texto é realmente muito sábio e muito bonito. Hoje eu entendo que quando o criador fez as rosas, dotou-as de espinho, no meu entendimento, muitos olham para as rosas mas só vêm espinhos, não admiram a sua beleza e muito menos lhe tocam com medo dos espinhos. Expandindo o exemplo das rosas para o nosso cotidiano, aí é que deixamos de enxergar as coisas boas, e se vamos para o religioso, somos tomado de um orgulho tão grande e nos deixamos dominar pela vaidade e menoscabamos os que não pensam igual a nós, que não enxergamos a beleza do texto do pastor Rodrigues. Hoje entendo que DEUS, é um só que as diferenças estão por conta de nossa ignorancia, do nosso orgulho em achar que o bom estar comigo. Lembremos que a maior justiça de DEUS estar na morte, não há diferença entre um poderoso que morre e um grande pobre coitado, porque chegamos do jeito que fomos, com uma diferença; a moeda de lá não leva em consideração, qual foi sua religião, o que foi que você teve,mas simplesmente o que você fez, a partir daí é so justiça divina, não me cabe mais alongar.
    Paulo Pinto

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  2. É isto, Paulo.
    Há grandes almas, servidores do Bem, em diversos setores da humanidade, inclusive nos diversos agrupamentos religiosos.
    O texto do Pastor Ricardo Gondim me tocou quando ele descreveu o que já senti nas catedrais católicas. Acho interessante este reconhecimento dele como evangélico e o meu como espírita.
    Precisamos é de aumentar a fileira dos que crêem no Bem e no Amor (tão bem exemplificado por Jesus), independentemente da expressão religiosa. Quando eu encontrar uma pessoa de alma evangélica, mas que não estiver bem espiritualmente, recomendarei visitar a Igreja Betesda Aldeota, sem sombra de dúvida. Pelo pouco que percebi, assistindo o Pastor Domingos pregando na rádio e as opiniões que constam no site da igreja, a Betesda está pulsando num nível mais elevado de compreensão do que seja Deus e do papel da igreja junto as pessoas.
    Paz e Bem!

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